terça-feira, 9 de dezembro de 2008

DECLARAÇÃO DE AMOR AOS DESAPAIXONADOS



Não sou mais o poeta do amor, ou dos sonhos doces.



Não romantizo mais verdades cruas e cruéis, nem engano mais os iludidos.



Não procuro entender o que não se explica, nem explico mais o que não entendo.



Não escrevo mais para pessoas felizes. Nem mesmo para as esperançosas.



Escrevo, agora, tão somente, aos desapaixonados, porque eles sim, sabem a verdade.



Escrevo aos desesperados, desiludidos, magoados, esquecidos. Aos que choraram o necessário para descrer da felicidade. A todos aqueles que um dia leram o que escrevi, e acreditaram.



Escrevo aos que não fazem mais juras de amor, porque não têm mais motivos para jurar. E porque foram traídos por quem mais juraram.



Escrevo apenas a eles, e por eles, porque não acreditam mais em nada, nem no futuro, nem que um dia será diferente.



E escrevo porque eles sim, conhecem o mundo real, e o coração das pessoas.



Escrevo, portanto, apenas àqueles que não sentem mais.



Que não riem mais.



Que não crêem mais.



Que não amam mais.





Embora, continue eu, incondicionavelmente, amando.





Esdras Paiva Oliveira – 09/12/200

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O que não existe



Existia um homem em solidão. E uma dor. Depois existiam duas cores e nada de escuridão, nem de desespero. Existia então um caminho, longo porém excitante, perdorrido sem pressa e sem desperdício. Existia uma confiança absurda, uma crença de extraordinária pureza que parecia verdadeira. Mas existia falsidade, e também erro, e coisas foram mudadas. Existia uma fruta, madura, no chão. Existia um animal que dela se alimentava, e assim a fazia ter sentido. Existia um espaço onde tudo parecia se explicar. Existia um por do sol, um momento único. Uma invenção conhecida, um reencontro esquecido e um medo. E não existia saída. Existia outra dor, uma que não passava. Uma despedida sofrida e um último beijo. Existia uma força que a tempos não existia. Uma saudade que não se satisfazia e uma lembrança do que não aconteceu. E não existia nada mais.

Esdras Paiva

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Máquina

Dentro de mim.Nasce a rosa metálica e pagã,Indiferente e alucinada.Na urgente primavera dos mortos.Cresce a rosa apática sem afã.Covarde e distraída.Na tarde sem cor dos meus olhos.Parte a rosa arcaica e vã.Invisível e esquecida.Para a aldeia dos homens de sonhos roubados.A rosa paralítica e seu perfume solitário.Ferrugem nos nervos, espinhos nascidos pra dentroBeleza feita de sono, regada a chumboInquieta e indizível... Ofendida.
O que pode esconder o túmulo delicado das rosas?

FREITAS,Ronald. Intenções de Poesia
Minha comunidade: Intenções de Poesia http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=28372493

HOMENS, FERAS E HERÓIS..." (primeira parte)

**Numa terra de cães e gatos**Dog XXI, The King**prometia um banquete de ratos**a quem. por honestidade.**chegasse ao seu rastro!!!**Cada mijada de Dog XXI, The King**era por todos reverenciada,**a emprenssa aos quatro cantos do reino**sobre sua baba, desafiadoramente propalava**que era como balsamo que de tudo curava...**A quem, por tanta inteligencia e coragem**com sangue quente se destacasse dos demais**e com a viril sutileza de um Ninja**ao seu lado teria como que proteção divina**bem acima dos outros reles mortais!**Numa terra de cães e gatos**onde era rara a esperança de um Bom Osso**cada um queria posar de bacana**ganhar muita grana,ficar famoso**e sair de uma vez lá do fundo do poço!!!...

Raniere Caetano

Soneto de eterno gozo


Sonho em contemplar teus labios entre abertos a tua boca fresquinha, rosada e nua tua lingua me amar� estou bem certo cravando-me os dentes na carne crua.Consumido pela gruta dos enxertos bebo do paladar doce da pua uma ardente quentura segue-nos de perto sentindo teu calor a minha pele sua. Sussurros deleitosos e excitantes pululam desta macia alcova em apertosgemendo uivando sua toda sua.Fundidos em abraços picanteso frenesi dos corpos regem o concerto inflamando o t�bio claro da lua!


por Ivan santana

sábado, 25 de outubro de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

PORTA PARA O ABSURDO

Que as horas se fodam e os minutos se tornem assassinos/o pontéiro é como um machado que não joga dados manipulados/A sombra das horas acalma os ossos/E todos aplaudem,nesse picadeiro que é a vida morta/ Quem vai falar ao absurdo? Eu? acho que não/ Quem vai apaziguar a minha fome inquieta de um segredo?Eu? Acho que não/ Vou fazer magias e solucionar teoremas, trancados em garrafas em que não possa ver o fundo, sem trancas e portas/A fechadura da minha existência não tem chaves /sem sombras nem amarraduras /Sigo o caminho da minha eterna amargura/eu sou como uma centopéia com mais de dez mil braços e seis mil escamas contorcidas em falanges de misérias abandonadas sem credos e religiões /Sem sacerdotes, nem padres/Comungo entre hóstias demoníacas sem pele, seres moribundos decaídos sem palavra /Quê o absurdo faça a sua palavra e narre seus dias e nos conte,como faz para existir e viver . Escutem o ranger da porta, o som agudo, rastejante.Cambaleia pelos nossos ouvidos/Quantos moribundos são necessários para fazer uma tragédia?Não quero dar respostas apenas, fechem à porta!Fechem à porta!

Por João Henrique

terça-feira, 13 de maio de 2008

VAGO, INÚTIL E TORPE - Com carinho, à todos os hipócritas


E quando sai o sol de amanhã

Quem já pergunta o que passou?

Quem nos faz além do que seremos?

Quem em vil desespero se alegra?


Em toda espada cria-se o suspense

De quem, frente a frente, não a teme

Porque o conflito é o mestre da verdade


E em todo vazio cria-se

De algo, em vácuo, em oco,

A latência eterna da esperança que nos alimenta


Pobres dos que saceiam-se com o muito

Pois serão vazios impreenchíveis


Pobres dos que enchem-se sem prazer

Pois serão sempre a mentira em partículas mortas


Salvos os que não aceitam mais que suas vontades

Nem menos que suas ambições

E não se negam, nunca

A assumirem, em grande alegria,

suas carnes, medos, dores e ódios.


ESDRAS PAIVA OLIVEIRA
09/05/2008

sábado, 10 de maio de 2008

Intenções de poesia


[...]A chuva despertando o passado Inventa o amanhã que não quer chegar.Suas cores, ritmos e nomesSeu inatingível desejo de felicidadeQue estremece sobre o colo da menina morta.Agora é noite,E o sono dos dragões libertam borboletasQue agitam o silêncio E zombam dos dragões adormecidosSobrevoando a escuridão sem temer o fogo.Enquanto a pequenina aranha urde o assombroTece a luz do medo no céu espavorido das borboletas.Vôo de facas e ventos de amputaçãoA noite partida das borboletasNavalhas multicores, asas em transe.... e os dragões sonham com borboletas no liquidificador

por Ronald Freitas

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Sem rosto e Faminto


Quando o desequilíbrio humano amanhecer cheio de ódio/E os propósitos estiverem alinhados na posição morta/ O Faminto e o Sem rosto anunciarem o levante/A revolta ira parir um novo tipo de homem/Sem verdade, propaganda santa e certeza. Os livros não tem mais o que ensinar/O osso ficou oco/Profetas ficam roucos/Neste mundo louco/O sem rosto traz no saco mil rostos para pregar nas paredes/Agonia, agonia de quem via/Foi assim que um rosto cuspiu em outro rosto.Causando em todos um enorme desgosto /Faminto faz tranças com as tripas/As tripas de faminto trançam sua miséria/E essa fome só vai passar/Quando sem rosto e faminto roerem o osso do fêmur de deus.

João Henrique Ferreira de Oliveira